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"Quero ser referência quando falarem de mulher no pagode", diz Marvvila
Música
Publicado em 29/05/2022

"Quero ser referência quando falarem de mulher no pagode", diz Marvvila

 

 

Cantora revelação carrega bandeira da mulher no gênero, mas reconhece peso: "Não cresci nas rodas de samba, ouvindo as 'músicas do mundo'"

Talento vocal, carisma e garra, são algumas das características que definem Marvvila. Com apenas 23 anos, a cantora vem ganhando destaque no pagode e trazendo consigo uma bandeira muito importante: a necessidade de mais corpos femininos no gênero. 

"Com o sertanejo foi assim. Não tínhamos representatividade e agora o estilo é dominado por mulheres. Sinto que no pagode esse movimento está, finalmente, acontecendo", declara Marvvila, em entrevista exclusiva ao Terra.

Nascida em Bento Ribeiro, subúrbio do Rio de Janeiro, Marvvila começou a cantar ainda criança. Anos depois, ela vê se realizar a profecia de uma pastora da igreja que frequentava. Na sexta-feira, 27, a cantora lançou 'Convite', música gravada com participação de Dilsinho.

Mas o sucesso de Marvvila vai além das parcerias musicais. O single 'A Pagodeira' já ganhou Disco de Ouro, o seu DVD está em fase final de produção para ser lançado ao público... É um sonho que está no caminho de se tornar real. 

 

"Quero ser referência quando falarem de mulher no pagode, quero que lembrem de mim como uma das grandes", diz Marvvila. 

"Pagode não é lugar de mulher"

Para falar dos desafios de Marvvila no pagode é necessário voltar à sua infância. Vinda de um berço religioso, ela nunca pôde ouvir as chamadas "músicas do mundo" - aquelas que não são reproduzidas na igreja. Suas referências sempre foram do gospel. Mas aos cinco anos de idade, ela teve seu destino profetizado em um culto.

"Estava na igreja com a minha mãe, a pastora se aproximou e disse: 'Essa menina canta? Pois ela será cantora!'. Na hora, a minha mãe não colocou muita fé, mas, assim que me viu nos ensaios, ela começou a crer na mensagem, me apoiou e agora estou aqui", conta.

Foram anos de dedicação ao canto na igreja, se apresentando em festinhas de amigos e da escola em troca de pratinho de salgado e refrigerante. Até que na adolescência Marvvila conheceu o pagode. Já adulta, passou a frequentar rodas de samba e, ao fazer amizades no meio, se apresentar.

Os shows amadores, apesar de bem recebidos pelo público, não eram bem quistos pelos colegas de profissão, geralmente homens. Segundo Marvvila, muitos tentaram desmotivá-la, tirá-la da cena.

"Eu ouvi muita coisa chata até conquistar meu espaço. Coisas do tipo: 'Foi legal sua participação, mas nem se anima' ou 'pagode não é lugar para mulher'. Mas, graças a Deus, deu tudo certo!", celebra.

Abraçada pelo público, Marvvila quer multiplicar as oportunidades. "Tem muita mulher na luta", ela diz. E só agora o mercado está abrindo os olhos para essas artistas. Apesar de bonita a mensagem, esta é uma causa difícil e ela, no auge de seus 23 anos, não nega o peso que a bandeira tem.

"Às vezes me sinto pressionada. Além de eu ser nova, eu não cresci nas rodas de samba, ouvindo as 'músicas do mundo'. Eu nem podia, na verdade. Não tive essa vivência, mas hoje já me sinto em casa", confessa.

FONTE:  POR: REGINALDO TOMAZ     FOTO: INSTAGRAM

 

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